BEIJEMOS A TODOS!
Chega! Chega de lamuriar tristezas...
Soltemos de vez as alegrias tímidas
Reprimidas pelos tantos desenganos,
Pelas insensatas negativas da vida
Desarrolhem-se os mais frutados vinhos,
Ponha-se à mesa um arsenal de iguarias,
Arfem os minuanos, entoem só inéditas cantigas,
Dancemos, vamos! Renovemos os planos de acolhida!
Sem demora, libertemo-nos do extinto passado
Nossa estrada congraça assentada, desimpedida...
Sejamos daqueles seres atirados, sem-medida
Busquemos o que, por medo, não se houve intentado
Mirem a última aurora: inteirinha raiada, límpida
Encaremos solares o que temos a confrontar
Não nos viremos aos fundilhos dos anos...
Lutemos, vamos! Que a recompensa é nítida!
Ignoremos os colaterais efeitos, os riscos, os danos
Ponhamo-nos a amar sem freios ou eternas feridas
Desprezemos o receio do abraço, do assoviado elogio
Beijemos a todos! O guarda, o patrão, o par, as gurias...
Enlacemos o porvir da manhã: Está tudo por um fio!
Depois... Ah, depois é outra vida - se veras tais vias -
Já faísca há um bom tempo nosso delgado pavio!
Quanto mais haveremos de nos guardar do correr dos dias?