Sou diferente

Se ainda sei quem sou,

creio não ser mesmo de ninguém,

não carregar no bolso um só vintém,

nem me deixar amar sem ser amado.

Quando, às vezes, esqueço de sonhar,

durmo acordado feito um guardião da lua

e é quando te vejo passar quase nua

à frente da janela do meu quarto a velar a rua.

Gosto de sair do mundo e virar uma estrela,

fofocar na porta à noite e plantar bananeiras,

tomar banho na chuva e engolir o tempo, tudo em brincadeiras.

Sou esse travesso homem inda tão menino,

que corre cansado e que chora sorrindo

e que faz de um poema um brinquedo de neve.