Mulher

Mulher menstrua.

Muda com a lua.

Sofre de banzo

Pela terra que nem é sua.

Feito loba uiva noite adentro

As saudades do homem amado.

Lá pelas tantas da madrugada

Chora de alegria parida.

Pelos filhos distantes.

Sonha com notícias felizes

A caminhar insone

Padece no paraíso

Na difícil arte de ser mãe

Se antes nada soubesse, mais filhos teria.

Para que eles pequeninos

Bebessem na fonte pura

Do amor que não impõe condição

Mulher assim delicada

Dança e brinca com seus véus

Em sua própria revelação

Com ares de celebração

Por vezes louca e lúcida

Sábia em felicidade e decisão

Provoca a cisão com a malvada tristeza

Que dia e noite luta para possuir sua alma

Mas esta mulher de alma aguerrida

Fala do amor que não tem preço

Em seu ser reside o mistério sondável

Berço e colo amoroso.

Das canções de ninar

Que no silencio a dormitar

Nasce à prece, encanto solitário.

Que solícita e agradecida.

Plena, alegre e bonita.

A faz dançar na contramão da existência

Com fé e afeto pela vida.