Beijo de Hortelã
Hoje é dia pra se cantar,
A poesia está aí.
Se eu não souber encontrar,
Vou tentar descobrir.
Olho a abelha fazendo o mel,
Cubro a orelha com o meu chapéu.
Pinto o sol de uma vida
Colorida no papel.
Procuro chegar de mansinho
Lá no ninho do canário,
Que não precisa sentir
A corrosão do salário.
Faço careta pra chuva,
Quero a uva e a maçã,
A quem eu quero pedir
Um beijo de hortelã.
Hoje é dia de não ligar
Pra nostalgia que nunca diz
Que é preciso sonhar
Ou brigar pra ser feliz.
Rio, 1977