Andante
Anda sempre de chinelas nos pés
Pequenos.
Carrega no bolso do avental
Algumas doçuras para ofertar
Lá pelas avenidas e ruas da cidade
Balas, confeitos, pirulitos.
_Menino vem pegar um mel prá adoça, vem!
Andante!
No rosto rugas tão velhas
Confundem com o sorriso de menina
Um senhor diz aos amigos
Tão boa! Ela uma santa!
Será?
Mas...
Cá entre nós; acredito na sua santidade
Outro dia vi entre as suas mãos...
Bem escondida; uma réstia da aurora boreal.
Duvida!
Quieta esquece o pensar.
_Pra que pensar? Penso não!
Encosta a cadeira perto da janela
Pra ouvir o barulho do nada.
Costura a voz da infância sem sofrer
A mulher envelhecida pelo tempo
Sorri!
Bordou com agulha e linha
Versos na tessitura poética da vida!