MOMENTOS
MOMENTOS
Recostado numa cadeira
Espreguiçadeira,
Sob o sol morno na tarde calma
Num quase místico turpor
De corpo e alma,
Apetece-me dizer Pessoa:
“Ai que prazer
Não cumprir um dever
Ter um livro para ler
E não o fazer!”
Ter o instante, o presente,
Já que me foi dado de presente.
Dá-me uma certa inveja e cansaço,
O pequeno beija-flor,
Quando beija as flores dos hibiscos
Ébrios de tanta cor.
Maravilhoso é o sol
Com seu arrebol;
Feliz é o rio em seu percurso
Sem se importar
A que mares vai dar.
Mais feliz é o vento,
Que acaricia as gaivotas, as fragatas,
Que lá vão de vôo lento:
Quais velas brancas enfunadas
Rabiscando sentenças abstratas
No ecrã azul do firmamento.
do livro: Enigmas de Uma Musa