ETERNAMENTE VERÃO
Ontem em minha alma era inverno,
Pois a dor ela hospedava
E aos poucos se transformava
Num recinto abandonado,
Melancólico e gélido
A sete chaves trancado.
Um dia, porém, por descuido,
Minha alma tão contristada
Foi alvo de um raio de sol
Que em sua sagacidade
Por tênue fresta adentrou
E qual posseiro se alojou,
Expulsando toda a dor
Que há muito ali se instalara.
O raio de sol tão franzino,
Intrépido e insistente
Foi se achegando inocente
E assim, paulatinamente,
Minha alma ele aqueceu
Com tamanha intensidade
Que a tornou iluminada,
Receptiva ao amor
E à plena felicidade!
Toda a frialdade de outrora
Cedeu lugar à emoção,
Hoje em mim não há tristeza,
Dor, tormenta ou incerteza
E no interior de minha alma,
Repleta de luz e de calma,
É eternamente verão!