Lição Principal
Chega a ser escandalosa, a minha necessidade de alegria.
É como flui melhor a energia.
Dá-me uma sensação de estar no centro de mim,
De estar degustando as delícias do sim...
Acho que penso melhor,
Enxergo maior.
A tristeza limita-me.
Intimida-me!
Obriga-me ao recolhimento,
Ao casulo do sentimento...
É como se descesse do meu trono
E mergulhasse na velha sensação de abandono.
Lembro-me que quando menino,
Eu tinha comigo,
Que, de tão diferente,
Jamais poderia me abrir para toda a gente...
Sentia-me uma aberração,
Disfarçada em criança simpática...
Achava de péssimo gosto toda essa encenação,
A que todos se dedicam.
O Quasimodo em mim acreditava ser necessária muita dedicação,
Para despertar um mínimo de afeição.
Empenhava-me para que gostassem de mim.
Quando isso não acontecia, o que era raro, soava-me como o fim...
Em função disso, era extremamente comportado,
Um aluno aplicado.
Estava sempre sorrindo de verdade!
Assim fui angariando alguma afetividade.
Claro, nunca era o suficiente,
Posto que a meta era toda a gente...
Um sonho impossível,
De alguém extremamente sensível.
Na maturidade é que fui perceber o engano.
Arranquei, do cenário, todos os panos
E passei a me expor,
Sem ter medo da dor.
Demorei muito para demolir os castelos que me tinham construído...
Que tinham castradoramente me obstruído.
Só então passei a explorar a diferença,
A respeitar a mais profunda crença...
Aquela que está em nosso interior,
Não foi imposta pelo exterior.
Talvez, a maior lição dessa vivência,
Tenha sido descobrir
E assumir,
Que a mola propulsora da minha consciência,
É viver em harmonia.
Em autoral melodia!
Transcrevendo versos
Inspirados pelo universo!
Escrevendo poesia,
Para espalhar sementes de alegria!