MÃE, UMA SANTA /

Carlos Celso-CARCEL (Pernambuco)

Eis que o crepúsculo caía lento,

brando soprava um suave vento,

mas... alí naquela casa alguém gemia.

Não era dia, o sol já se punha,

um corpo arranhado pela unha,

em dores, desprendia sua madre.

E a comadre? como assim chamavam,

alí de perto, às pressas buscavam

resolutiva para aquela hora.

Jovem senhora contorcida em dor

dividia sofrimento com amor

quando do ventre ansiava o parto.

Naquele quarto onde acontecia,

já uma jovem mãe alí sorria

trocando as dores por suavidade.

Felicidade ocupava os cantos

daquela casa onde ouvimos prantos

não por lamento mas por dor sentida.

É uma vida que outra vida gera

e com sentimento persevera

na existência desse novo ser.

Que vai crescer amado com ternura

observado na sua candura

pela mãe que o concebeu e deu à luz.

Assim traduz um poeta que vibra:

"ser mãe é desdobrar fibra por fibra

o coração" e eu o que direi?

Só sei que escutando tanto

qualquer assunto sobre mãe é santo

e nada mais que isto sei dizer.

Pois ao fazer a sua semelhança,

Deus! tudo sabe, teve a lembrança

maravilhosa e fez a mulher.

Não é qualquer, a fez pra procriar,

para ser mãe, só não lhe deu altar.

mas... também sei... a fez para ser santa.

(3o. pág. 141)