Da Bahia

A longevidade não é uma das minhas ambições.

Tenho passado por tão terríveis situações,

Que seria uma insensatez, uma presunção,

Acreditar que tudo isso não tenha afetado o coração.

Quero viver bem, agora!

Sem demora!

O amanhã é, apenas, uma possibilidade.

Quero pra já, a felicidade.

Tenho pressa

E fogo à beça!

Construir um novo ninho,

Com a melhor palha do meu carinho.

Desejo ver florescer as sementes que plantei,

A afeição que espalhei.

Ainda há tanto para semear,

Preciso de um novo solo para arar.

O que peço é uma última oportunidade,

Para poder vivenciar a maturidade,

Com dignidade

E um mínimo de tranquilidade.

Quero olhar para o firmamento,

E não ver o piano, sobre minha cabeça,

Balançando

Ameaçando...

Já está transbordando a represa,

Sem o meu consentimento.

Perdi muito tempo tentando me adequar,

Chega! Preciso me rebelar

E me revelar!

Sou, absolutamente, solar.

Posso ser mais do que venho sendo.

Sinto minha consciência crescendo.

O sutil é o que eu quero explorar,

O invisível, enxergar.

À delicadeza, dedicar-me

Ao bem-querer incondicional, entregar-me.

Ah! Há tanto amor para amar!

Simplesmente, não posso me furtar!

Quero chegar ao topo da minha montanha,

Com sua exuberância tamanha.

E na beirada, profundamente respirar,

Saltar

E voar...

Placidamente, sobre o mar!

Da Bahia!

Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 02/06/2010
Reeditado em 02/06/2010
Código do texto: T2294639