PINTURA ÍNTIMA (2)




“lábios tangentes, pétalas em desvarios
rosto ramificado, dois rios: dois rios em permanentes
delírios” – Albert Araújo.




Quando me pinto – estátua

dilacerada qual a manhã

pétala e selvagem



vejo-me atento, inteiro

caibo nas mãos de Deus

sem vertigem, desvario



saio-me pela tangente

pedra, pintura repisada

e louca, feito osso branco



ouço voz – VOZ – VOZ

de dois rios – famintos os

olhos a navegar no impropério coração



quero-te em redoma túrgida

trêfega cabrita – inteiro corpo em figa

dedos adjacentes incendiada gasolina



ver-te em frascos brancos, linhas

oblíquas – ruptura do deserto – mãos

ramificadas e amiga menina 

                                                (doce menina).





ALBERTO ARAÚJO
Enviado por ALBERTO ARAÚJO em 28/05/2010
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