UM ANJO INTEMPESTIVO
(Sócrates Di Lima)
Numa noite qualquer,
Eu abri a janela da minha alma.,
E de repente entrou um anjo vestido de mulher,
Que tomou conta de tudo, na maior calma.
Ela chegou sorrateira, como quem nada quer,
Apossou-se da alma, corpo e coração.,
Fez ali moradia, não combinou um aluguel sequer,
Nem trouxe fiador nem uma garantia como calção.
Incrivelmente poderosa tomou posse do território que era só meu,
Bagunçou tudo, mexeu meus armários, jogou tudo fora,
Disse que as lembranças de outras histórias o passado absorveu,
E só dali para frente é que minha vida seria escrita a cada hora.
Fiquei pasmado, estático, absurdado, mas, só observando,
Acompanhando cada passo, cada ato, cada mudança.,
E sou obrigado a concordar que como trator tudo ela foi derrubando,
E em seguida, plantando o amor que tanto era minha esperança.
Foi ela, Basilissa, que chegou assim, sublime maluca,
De olhos de vaga-lume iluminou minha vida.,
Trouxe-me a vida, libertou-me da minha própria sinuca,
E fez-me um homem que a este amor deu guarida.
Que venha esse anjo intempestivo vestida de mulher,
Revolucionária dona de sua própria obsessão.,
Capaz de apagar aquele ser qualquer,
Que vivia perdido, vivendo do passado, em plena solidão.
Basilissa, minha eterna inspiração.
(Em 09/01/2009 - 13h29 - Registrada)