Acordo
Nos tempos remotos, olhando esta vida maravilhosa,
corria feito um Ícaro irracional chegando mais cedo,
a abocanhar meu quinhão tão belo quanto o arvoredo
plantado no chão dos céus de grandiosidade maviosa!
Rastos porém fui marcando, trazendo perto o futuro,
promovendo o incrédulo sonho à realidade desejada;
e de repente tudo fugia como trigais depenando ouro,
um sonho se levantava revivendo a aurora já passada!
Minhas mãos cegas se roçavam submissas no silêncio
que desencarna diafaneidades e o fiavam ante à morte,
dona d'almas eleitas ao perpétuo e sagrado princípio.
Oh, Bálsamo que refloresce expectativas no consorte!
Bálsamo de formas especiais,tão brancas, tão claras,
que n’alma ergue luares,neves,pélagos e as neblinas,
tudo regado a incensos vaporosos e mádidas frecuras,
nas formas do amor constelando as rosas mais puras!
Fiapos de dor,dores negras do tédio vão,flores vagas
tudo se transfigura no Mistério vivo, nervoso e forte
que restaura a nebulosidade doentia de velhas chagas,
nas caminhadas lentas, antegozadas e deliciosamente!
Já não atropelo a vida então, vivo!Degusto em calma
cada parte plena que me permite meu vergel colorido
por ele passar cantando,serena como a graça extrema
que faz chover docemente em tantas canções. Acordo!
Santos-SP-25/08/2006