ao sabor das águas

lá dentro de um trem prateado

cabelo caindo pro lado

no tempo em que ainda havia

eu vou por aí poesia

achando que achei a semente

na ponta da língua com o dente

mulheres que eu tanto pedia

eu vou por aí poesia

se me arrisquei com o passado

presente é pra ser contestado

futuro é o final de um dia

eu vou por aí poesia

se a porta o que fecha é a tramela

se me aprisionei só por ela

se o belo horizonte se via

eu vou por aí poesia

do alto o que cai é um coco

da vida só se leva o soco

ensina a geografia

eu vou por aí poesia

não sei se assustou minha farda

o medo é o que nos aguarda

a sorte quem traz é a cotia

eu vou por aí poesia

só vou perseguir meu destino

pois ele me fez seu menino

paçoca sufoca e vicia

eu vou por aí poesia

não posso esquecer que a escolha

flutua tal como a rolha

nas águas que o rio exibia

eu vou por aí poesia

Rio, 27/04/2010

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 27/04/2010
Reeditado em 27/04/2010
Código do texto: T2222154
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