A ESPERA DA FELICIDADE
por Regilene Rodrigues Neves
Às vezes eu tento
Invento uma poesia
Na rotina dos meus silêncios...
Preencher um pouco a solidão em volta
Ter um dia diferente
Que a mesmice dos meus dias
Ouvir uma nova canção
E quem sabe esse coração
Possa sentir uma nova emoção!...
Vivo de uma verdade solitária
Onde os sonhos
Estão atrás dos meus desenganos
Em frente uma sombra de aparências
Carências tatuadas na pele da alma
Expostas em sensibilidades
De uma cruel realidade...
Tento me enganar
Numa felicidade exagerada
Inventada numa poesia
Onde eu possa esquecer
Um pouco de mim
Sem sofrer todo dia esse vazio
Que se apegou a mim
Levando embora minhas alegrias...
Mergulhada em nostalgia
Passo horas alheia em pensamentos
Um bocado de tristeza
Dilacera meu peito cheio de lágrimas
Nem sequer sei mais chorar pra mim
Engasgada em sentimentos sôfregos...
Mas todo dia ainda me apego
Numa esperança
Que possa me dar um dia melhor
Onde um sorriso renasça dos meus lábios
Feito beijo de amor
E eu possa sentir um carinho
Despir-me dessa roupa triste
Que veste os meus dias...
Sei que é possível
E ainda acredito.
Mesmo que se repita
Esse dia nublado dentro de mim...
Lá fora o sol existe
Para todos porque não pra mim?
Hei de merecer novamente a felicidade
Que deixei escapar em minhas mãos
Por simplesmente querer ter e não ser.
Na companhia da poesia em minha alma
Eu sustento uma vida
Gero dentro de mim alguém melhor,
Para que um dia eu conceba novamente
O direito a minha felicidade...
Sei que ainda vou rir das minhas tristezas
E vou tirar proveito das lições que ela me deu
Em dias cheios de solidão
Onde meditei junto à poesia
Que libertou a dor presa em meu coração!...
Vivo um dia triste de cada vez
Para não me apavorar e suportar
Até o meu dia de felicidade chegar...
Em 20 de abril de 2010