A alegria
De manhã é passarinho que voa longe
Buscando alimento voltando pro ninho
Na janela, na árvore, no chão
Catando os miúdos de sonhos jogados pelo o humano
Em meio as praças, do tumulto que é a desumana solidão
Cães pequeninos correm atrás de seus donos, crianças
Filhos de mães aos cuidados da babá vestida de branco
Empurram carrinhos, embalam os bebês que ainda não podem brincar
Ali numa praça, perto do mercadinho do Seu Joaquim
Vende-se balas, biscoitos caseiros, alecrim, chás aromáticos
Enfeites, flores, pães alimentam a vizinhança antiga e simpática
Os carros passam lá no farol verde e fica de repente vermelho
Eles param, as pessoas atravessam para voltarem pra casa
Fazer o almoço, arrumar a cama, continuar uma caminhada
Telefones tocam e são várias as melodias
A buzinar nos ouvidos desatentos dos que gritam
Na pressa do corre-corre do dia-a-dia, é um começo
Os malabaristas estão aproveitando os sinais fechados
Fazendo seu número mais perfeito, bem ensaiado
Tem menos de um tempo pra terminá-lo e ganhar seu trocado
Ou não, tem gente que fecha o vidro do carrão e sai acelerado
Outros dão uns dez centavos pelo tempo tomado
Onde se vê a alegria?
Em toda gente que por aqui tenha passado
Nas sensações que lhes tenha dado sem troco, sem gorjeta
Sem dizer:" coitado"
Nem aqui, nem aí. No sinal aberto, foi-se o sorriso do artista menor de idade, dentro de uma cidade, mora muito perto
Igual ao passarinho que voa pro distante pra achar gravetos pro seu ninho,
A alegria está neste movimento que todos fazem
Em busca de algo que lhes dê sustento
Ser alegre é não ser sozinho
Ser alegre é estar inteiro em cada momento.