PASSEIO DE NAVIO 06.02.2002
As garças sobrevoam o Rio Tietê
E depois descansam à beira da água,
Meus pensamentos voam ao vento,
Pousam no ar e em você deságua.
As garças voam felizes,
Com suas enormes pernas compridas,
Parece nada entenderem da vida,
ou entendam que o melhor mesmo é sobrevoar,
O navio passeia lentamente
Sobre as águas do rio,
O céu brilha refletindo na água,
Como se fosse um copo de água,
Dizendo tudo o que sentiu.
Há todo estilo de pessoa,
Fazendo o passeio de navio,
Há uma vida em cada vida,
Há mistério também no rio.
Cada qual inerte em seus pensamentos,
Faz do seu passeio um passeio feliz,
Cada qual com sua vida,
Cada vida com sua cicatriz.
Há inquietude no ar,
Há inquietude nas águas,
O segredo está no rio,
Onde se afogam todas as mágoas.
As águas do rio correm,
Sem sequer se incomodar,
Por onde estão indo,
ou quando irão chegar,
Correm tão somente por correr,
Sem importar-se com o que estão sentindo,
Correm ,correm, sem saber onde chegar,
O prazer está no correr,
A felicidade no desaguar.
Não importa onde, não importa quando,
Nada importa para as águas do rio,
E assim segue o passeio de navio.