Desígnios

Penso que não adianta mesmo,

Chorar sobre o leite derramado,

O afeto, grotescamente, desperdiçado...

Nada alivia esse erro!

Não se repõe o carinho,

Com que se construiu o ninho.

Não se apagam as lembranças

Do tempo de bonança...

Onde dois eram um!

Onde havia um brilho inconfundível,

Inesquecível,

No olho de cada um,

Desafiando a razão,

Denunciando a paixão.

Mas, tudo passou!

A relação acabou!

Foi terrível ter que constatar,

Pior ainda, assimilar.

Entretanto, não sobrou outra opção,

Senão, pacientemente, aguardar

A longa recuperação do coração,

Que insistia, em tristeza, naufragar.

O chão se abriu.

O fantástico castelo ruiu.

Todas as referências despencaram,

As sagradas crenças se desacreditaram.

Nada sobrou,

De tudo que se plantou.

Só o horror

Da dor...

Entretanto, a vida:

Essa continuou...

Para a íngreme subida

Apontou,

Induziu

E convergiu!

Não deixando outra opção,

Para quem se entregou à emoção.

Logo nos primeiros passos

A existência, como num grande abraço

Fez aflorar a fome de conhecimento,

Do que, realmente, sustenta o firmamento.

Pingou gotas de sabedoria,

Para incrementar a melodia.

Indicou-me o atalho para a harmonia,

Através do exercício da insubstituível poesia.

Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 11/04/2010
Reeditado em 12/04/2010
Código do texto: T2189864