CONTORNOS

Contornos

Riscos mal feitos

Sobre um corpo perfeito

Rabiscos

Rascunhos

Desenhos

Esboços

Nas tentativas de aperfeiçoar-me

Perco os encalços sem medo

De tremer

De borrar

De ter que voltar

Ao início

Ao princípio

Ao começo

E de que ponto partir?

Para onde olhos vêem

Linhas ausentes

Traços

Bordas

E no entorno

Entorto-me para contorná-lo

Para preenchê-lo

Qual cor usar?

E das tintas tantas cores

E das cores tantas flores

Para compor um quadro

E sentar-me ao lado

Admirando

Embasbacado

Enaltecido

Lisonjeado

Da tamanha beleza

Que só agora vejo

Pintada frente a mim

Em nuances leves

Onde te colocar?

Num jardim?

Emoldurar ou não?

Um certo ao certo nem mesmo sei

Fato simples, é que doei.

Doei vontade

Doei saudade

E tudo isso numa obra

Original

Sem igual

Num visual que impressiona

E aciona os sentidos

Libido

Desejo

Aguçando a alma

Entrelaçando os dedos

Ao redor do pincel

Que não mais te larga

Que só então te afaga

Com pressa

Com calma

Pausas, espasmos e surtos.

Traumas, fantasmas e sustos.

Passado, presente e futuro.

Tudo agora sem demora

Criatividade em vigor

E a finalidade? Fervor

Alegria em finalizar e expor

Mais uma obra prima

E de todas a mais grandiosa

Que agora não só eu admiro

Mas as paredes da casa

Os tapetes da sala

Tudo está diretamente ligado a você

Que agora como centro das atenções

Rouba minha coragem

E a entrega nas mãos de quem diante de ti

Enxerga em seus olhos pintados

Minha felicidade enquadrada.