A LIBERDADE VIVE PRESA DENTRO DE MIM

A liberdade vive presa dentro de mim.

Amuada e triste, é refém de seu próprio espanto:

“Como pode ser prisioneira de quem a deseja tanto?”.

A liberdade vive presa dentro de mim,

Escondida atrás de meus medos e limitações.

De vez em vez emite ecos de vida,

Faz arfar abruptamente meus pulmões.

Se eu pudesse apenas por um segundo expirá-la,

Vomitaria todo meu anseio por existência.

Talvez compreendesse de onde vem o cheiro desse mato molhado

No qual meus pés embrulhados por sapatos almejam pisar.

Deixaria a leveza do vento escorrer por meus dedos,

Enquanto eu correria tolamente de braços abertos pronta para agarrar o mundo,

Cantando o mais alto possível o hino dos loucamente felizes,

Saudando com risos os que me criticassem.

Este som que só a noite produz...

Alguém mais escuta?

Como uma caixa de som grande e quase muda,

Pequenos ruídos na ausência de luz.

Posso criar meus próprios passos de dança.

Minha sombra será o meu par.

Não que a solidão seja sempre companheira da liberdade,

Mas construo primeiro meu território para depois dividi-lo com alguém.

A liberdade ainda vive presa dentro de mim,

Sobrevive ao cárcere fazendo caminhadas por minha imaginação.

Ser prisioneira, submeter-se a regras, é tão mais simples e cômodo.

Por que então me perturba com seus pedidos e súplicas?

Por que a liberdade não se cala e deixa de tentar fugir de sua prisão?