METALINGUISMO POÉTICO - uma interpretação pessoal

A poesia não interpreta

Não vê

Não lê

A poesia não escreve

Nem se cria

A poesia se revela

Ela se mostra

E a gente não vê

Não lê

A gente só se empoezia

Como a gente se empoeira

A gente também se empoezia.

Não se conjuga o verbo "empoezar"

De forma correta ou errada

Porque a poesia não erra

Nem acerta

A poesia vai, simplesmente

A poesia não é profecia

Não vem de deus

Vem dos homens

Que não são deuses

Mas criam

A poesia é do homem

Para o homem

A poesia contradiz, também

Mas não erra.

Ela contradiz aquilo que foi dito outrora por ela mesma

A poesia não se vê

Não se pensa

Não se desenha

A poesia simplesmente sai

Ela não está nas palavras

Nos desenhos

Nas fotos

Nas músicas

Ou nas esculturas

A poesia na verdade

Já é a palavra

O desenho

A foto

A música

A escultura

A imagem imperfeita

Que, na verdade,

É simples e puramente

O reflexo do que almeja ser perfeito

A poesia é o homem

A poesia transcende o pensamento

Ela não é pura

Mas ela purifica

Ela transforma

E também é transformada

A poesia não se sente

Ela simplesmente deve ser transsentida

Do verbo transsentir

Só quem já transsentiu a poesia

Transsentirá o que eu digo

Não explicará, porque transsentir não se explica

Só se transsente, mesmo

Transsentir não se sabe

Nem se diz

Só se transsente

A poesia deve ser transsentida

Apenas

Luiz Carlos Martins B Bueno Dantas de Oliveira
Enviado por Luiz Carlos Martins B Bueno Dantas de Oliveira em 24/03/2010
Reeditado em 24/03/2010
Código do texto: T2156819
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