Cadê o Maquinista?

Estou mastigando a espera,

Percorrendo sua esfera,

Demoradamente,

Antropofagicamente!

Sua presença sempre me atormentou,

Ostensivamente, me incomodou.

Ulcerou-me,

Lacerou-me,

Com sua seiva pegajosa,

Em sua teia enganosa...

Mudou! Agora,

Sou eu quem devora,

Cada minuto,

Todos os segundos,

Com a indelicadeza de descobridor,

Com a fome do explorador,

Com a paciência do garimpeiro,

Hei de consumi-la por inteiro.

Vou apagar sua existência,

Aniquilá-la desde a consequência...

Essa foi sua última invasão,

Veio na contramão,

Colidindo comigo,

Em múltiplos sentidos...

No momento banqueteio-me com suas entranhas,

Com suas sílabas mais estranhas...

Para nunca mais na minha vida,

Ferir-me com sua flechada incontida.

Nasci pronto!

Ter que esperar, me deixa tonto.

Pra que essa velocidade tão lenta?

Minha intensidade não aguenta:

Grita,

Incita,

Engorda,

Entorta...

Tem gana de roubar o bastão,

De vaiar a vastidão...

De deixar registrada uma reclamação,

Com o chefe da seção!

Ainda bem que esse trem velho, começou a andar...

Estava a me sufocar!

Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 18/03/2010
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