Cadê o Maquinista?
Estou mastigando a espera,
Percorrendo sua esfera,
Demoradamente,
Antropofagicamente!
Sua presença sempre me atormentou,
Ostensivamente, me incomodou.
Ulcerou-me,
Lacerou-me,
Com sua seiva pegajosa,
Em sua teia enganosa...
Mudou! Agora,
Sou eu quem devora,
Cada minuto,
Todos os segundos,
Com a indelicadeza de descobridor,
Com a fome do explorador,
Com a paciência do garimpeiro,
Hei de consumi-la por inteiro.
Vou apagar sua existência,
Aniquilá-la desde a consequência...
Essa foi sua última invasão,
Veio na contramão,
Colidindo comigo,
Em múltiplos sentidos...
No momento banqueteio-me com suas entranhas,
Com suas sílabas mais estranhas...
Para nunca mais na minha vida,
Ferir-me com sua flechada incontida.
Nasci pronto!
Ter que esperar, me deixa tonto.
Pra que essa velocidade tão lenta?
Minha intensidade não aguenta:
Grita,
Incita,
Engorda,
Entorta...
Tem gana de roubar o bastão,
De vaiar a vastidão...
De deixar registrada uma reclamação,
Com o chefe da seção!
Ainda bem que esse trem velho, começou a andar...
Estava a me sufocar!