Vôo Matinal
A minha primeira ação ao acordar,
Ainda em jejum, bem cedo,
É dar vazão ao enlevo,
Que sinto ao deixar a alma se expressar,
Através da poesia.
Minha melhor receita para um começo de dia.
Basta me sentar em frente ao computador,
Que ela extravasa o seu ardor.
Não me cansa de surpreender,
De me empurrar a crescer,
De me estimular o perceber.
Basta começar a escrever.
Meu espírito levanta vôo
E a tudo sobrevôo,
Como se estivesse munido
De uma lente de aumento:
Um bálsamo, um unguento,
Que a tudo,
Busca a fundo,
O verdadeiro sentido.
Aquilo que está oculto,
Atrás dos indesejáveis muros
Da ganância,
Da ignorância.
Obstáculos esses erguidos sem consentimento,
Que aprisionam os melhores sentimentos.
Uma espécie de desvio,
Sob nenhum aspecto sadio,
Pelo qual a humanidade enveredou
E se envenenou...
Ofuscando,
Nublando,
O que há de mais belo,
Em todos os seus elos.
Uma sórdida experiência,
Um atentado contra a existência.
No alto: nessa posição privilegiada,
Com a benção da alvorada,
Procuro pelo que desata,
Pelo que comprova e constata,
Pelo que atesta e indica
O absurdo de todas as guaritas...
Pelo que possa desaguar
Num íntimo desarmar;
Por tudo que possa evocar o despertar,
Do que não pode mais esperar...
Por tudo que possa suavizar,
Emocionar...
E emocionando, possa libertar!