Todas as Dobras

No tempo em que eu era menino,

Tinha um mundo particular,

Em nada franzino,

Ao contrário, era exemplar!

Foi entre adultos, que fui criado,

Numa avenida de grande movimento,

Numa casa enorme, na capital paulista.

Era o Monumento do Ipiranga a nossa vista.

Então fui quase que obrigado,

A canalizar meus sentimentos,

Para a criação de um mundo paralelo,

Tendo com o mundo real, nenhum elo...

Ali todos voavam,

A maioria tinha capa de super-herói, larga...

Todos se amavam.

A mesa era farta!

Shows diários, um melhor que o outro,

Cantava como um louco.

Confesso que não tinha lá muito domínio da voz,

O que me causou certos embaraços e nós!!

Mas, era extremamente inocente e puro,

Ao mesmo tempo em que tudo era muito profundo.

Agora, na maturidade,

Identifico-me cada vez mais com a primeira idade.

Com o eu que ali existia,

Com sua fantástica utopia.

Que nem era tão utópica assim.

A base de todo aquele mundo é possível sim.

O que me levou a recorrer à criação,

Ou resgatar, lá no meu coração,

Um mundo paralelo,

Que, com o atual, tem nenhum elo...

Lá a lei é a sinceridade.

O alimento é a amizade.

Respira-se respeito.

É transparente o conteúdo do peito.

A obrigação é a compreensão.

O chão é a afeição.

O oceano é a criatividade

A brisa é a simplicidade.

A tudo permeia certa leveza,

Talvez, oriunda da extrema beleza,

Da maior das riquezas,

A insuperável pureza...

Tudo obedecendo a um único Imperador:

O Amor.

Em todas as suas formas,

Em todas as suas dobras.

Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 05/02/2010
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