Meu infante
Veja,
aquela paisagem,
que fixou meu olhar,
que arrancou-me suspiros.
O sol a queimar o mar,
numa manhã de sábado,
os pássaros sobre mim voaram.
Ao lado uma criança a brincar,
mas, que criança,
de onde veio,
filho de quem?
Lembrei-me.
Era meu filho,
que na areia foi brincar,
com as mãos escavar.
Distraí-me a tal ponto,
de como num conto,
meu filho esquecer,
no porto do conto,
de cantos escuro,
de céu estrelado,
de lua a nascer.
Com o mapa na mão,
descobri o tesouro,
com a pista obscura,
criada pela lua.
Sobre o mar aparecia,
o grande baú,
de tampa aberta,
um grande espanto,
veja só,
o que era o tesouro,
um caminho,
um grande caminho,
sobre a água flutuava,
todo dourado,
todo de ouro.
Mas, espere,
não era ouro não,
estava enferrujando!
Enferrujando não,
era ouro sim!
O ponto preto, que pecado,
era meu filho,
nas águas a brincar,
que vinha correndo,
para meus braços,
como um príncipe menino,
filho de Deus,
filho do mar,
filho da lua,
que sem perceber,
ao esplendor se tocar,
chega até mim,
me chamando.
Papai!
(27 /06 /02)