No Leito do Pomar
Borboletas azuladas e folhas secas
Em ritmo de valsa sobre um peito.
Ramagem: quatro paredes do quarto;
O céu no alto da copa: teto do leito.
Sob o jambeiro deita o leito do pomar,
Ali, jamais houve um sonho desfeito.
Pro silêncio a natureza vai te chamar...,
Ouve-o! Deleita-o junto ao amor eleito.
Panapanã, pilhas de folhas âmbar caídas;
Asas trêmulas tocam canções abstraídas
Com helicóides azuis, em ritmos de valsa.
O pomar fez curas!... Mas há recaídas,
Quando os problemas exigem saídas
E quando essa enfermidade não é falsa.
Borboletas azuis... Um chão âmbar...
Helicóides em valsa caindo no peito.
Sob o jambeiro, acamados num leito,
Dois corpos nus juntos a se abraçar...
Naquele pomar já se curou tantas recaídas...
Por ali volteavam borboletas distraídas,
Dir-se-ia que elas dançavam abstraídas...
Quando em bando... em lindos panapanãs
Transmutados naquelas frescas manhãs,
Pousavam levemente nas rosadas maças...
Asas trêmulas tocam canções abstraídas
Com helicóides azuis, em ritmos de valsa.
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