OLHOS DA IMAGINAÇÃO

olhos que viajam desatentos

alheios à rotina frugal

bailam irriquietos, despertos,

aspiram carícias pressentidas

nas visões encantadas, não decifradas,

nos matizes invisíveis a olhares severos,

desapercebidos dos assovios dos ventos,

cantos de passarinhos, água rolando da ribanceira,

grilos, cigarras e sapos numa orquestra desigual

olhos que se congelaram ao mental

não distinguem além do perceptível

não viajam por estrelas imaginárias

não vêem o além do visto

crianças sem contos de fadas

medo de assombrações

sem pipas e bolas

nados em rios

percepções condicionadas

cristalizadas no real

circunscritas, encolhidas,

ao mundo restrito, racional...