RETRATO EM MOSAICOS
Dos cacos que um dia restaram da minha vida
cuidadosamente em mosaicos foram formados
deixados nas veredas da vida a luz da avenida
para que em suas mãos fossem restaurados
Nos cacos gravam-se em cada um uma cicatriz,
de tudo que um dia no coração foram feridas
frutos de um tudo, até das poesias atrevidas
que se julgava feliz e marcaram este infeliz
Em cacos largados meu coração na lixeira ?
No amor sem eiras e beiras será recolhido?
Será " Loves is in the air " pelo vento poeira ?
Depositada no meu coração que se faz sofrido?
Hoje uma dúvida, será que consegues restaurar?
Será que tuas mãos me tratarão com capricho ?
Se quiseres transformar cacos não hão de faltar,
e ainda poderá recolher os que ficaram no lixo.
Será que se consegue restaurar marca passada
e se restaurar como marcas indeléveis vão revelar.
Nos retrospectos, em vitrais uma vida quebrada
Em cacos retrato o mosaico que se pode emoldurar.
Nas calçadas da saudade, coração ainda por lapidar
estes em tuas mãos como cacos tentam se ajustar
arcaica medição, ampulheta esperando tempo passar
esvai-se entre os dedos sangue e poeira a gotejar
Na minha via crucis o tempo passou e eu nem vi
ficou para trás o amor que passou e nem conheci
paradoxalmente paixão passou por mim e esqueci
Em músicos ou vitrais vida que passou e nem vivi.
Rs trigueiros
Iguaba 18 de Outubro de 2009 10:41 hs