Recordações
Reportando-me ao passado,
Vejo com tanta clareza,
Meus irmãos, meus pais e eu,
Sentados àquela mesa.
Meus pais fortes, vigorosos,
Nove filhos, sua riqueza,
Adolescentes, tão novos,
Sentados àquela mesa.
Meu carrilhão lá da sala,
Continua a badalar,
Mostra o tempo que não para,
E a vida a se transformar.
Fernando nasceu primeiro,
Rosine chegou depois,
Logo a seguir veio a Céu,
E já não eram mais dois.
Não demorou a chegar,
Ao mundo mais duas fêmeas,
Eram Adelaide e Fernanda,
As duas garotas gêmeas.
Mais um menino o Duarte,
Depois eu, que sou Arminda,
Já era um parte e reparte,
Aí chegou a Lucinda.
Oito irmãos por pouco tempo,
E continua o divisório,
E nasce mais um rebento,
O nono, de nome Antonio.
Assim, encerra-se a prole,
Nove filhos e nada mais,
Mas o orgulho era enorme,
No coração dos meus pais.
Conversas descontraídas,
Gargalhadas, que beleza,
Tanta alegria incontida,
Em volta daquela mesa.
A casa vivia cheia,
De amigos, gente comum,
Iam mais pratos para mesa,
Cabia sempre mais um.
Nesse elo de união,
Vivíamos em harmonia,
Se as vezes faltava pão,
Sobrava sempre alegria.
Ao recordar desses tempos,
As saudades me consomem,
Daqueles belos momentos,
Daquela turma tão jovem.
E o carrilhão lá da sala,
Badala e já badalou,
Mostra o tempo que não para,
E a juventude levou.
E o tempo que não perdoa,
Já levou alguns dos meus,
Mas não viveram a toa,
Certamente estão com Deus.
Hoje mais velhos, vividos,
Nos amamos com certeza,
Pois continuamos unidos,
Ao redor daquela mesa.