Para
                                                                Caetano Veloso
                                                                 Gilberto Gil
                                                                 Dorival Caymmi e Jorge Amado (in memoriam)


Longe, terra, longe que se esconde
Do canto que te mando e em que chamo
Aqueles anos em que o olhar
Amargo não era, feliz por estar.

Minha terra, longe, de mim ausente
Tua baía me ancora, unge minha alma
Que é espuma de onda, beijo mágico
Sob teu sol, terra azul e tão calma...

Longe, Bahia, tantos te cantaram
E ainda cantam, mesmo quietos,
Dorival, Caetano, Gil
Amado marido de Flor
Estar sem ti é cortejar a dor.

Longe, minha, sempre terra
Nas solas do sapato me acompanha
Embriaga meus olhos, linda,
O castanho das pupilas faz azul
Amaralina onda.

Deixei, terra minha, o coração
No silêncio da Ponta de Humaitá...
Ali fui moço, tanta coragem
Vi os barcos, as moças,
O mar, Monte Serrat.

Terra longe que me visita
No sonho adiado de cada dia
Alto o Olimpo em que definho!
De Todos os Santos, peço
A gota do divino vinho.

Quero voltar, terra minha
Querer que não é real
Não se volta ao que se foi
Perdida estrada sem sinal.

Mas te quero, longe terra
A estender teus encantos
Teus cantos, recantos, santos
Deus cor de anis.
Em ti descubro a palavra
Que me cala
Mas me redime e faz feliz.