SEGUNDOS DE ETERNIDADE

O sol evoca pelas manhãs

Um excêntrico estado

De ebriedade branca

De início

Esta exuberância de luz

Embota-me a imaginação

Porque anuncia

Sem rodeios, falsidades

O real da situação:

Toda manhã é confusa

Justamente por ser clara,

Por menos azulada

Que se apresente o céu

Aos olhos de quem desperta

Toda manhã é imaculada

Porque denota

Um futuro

Não corrompido

Pelas impossibilidades

Do ontem

E todo sol de aurora

Laranja, amarelo

Ou de qualquer cor outra

Passível de sê-lo

É a mágica resposta

De um enigma...

Ele me faz ressuscitar

Por seus raios indestrutíveis

Aquele meu adormecido menino,

Por um tempinho, quase nada...

São raros segundos de eternidade

Até que a cintilante manhã,

Única e gloriosa

Torne-se, para mim,

Apenas mais um dia

Que caminha para a noite...