Ode à Alegria
Hoje, soltei o cabelo
ao sabor do vento.
Deixei-o crescer,
já que sempre o mantive
em rédea curta.
Escondo-lhe o grisalho
num tinto cor da cereja
com que enfeito o bolo
de quase meio século de aniversários.
Visto uma roupa em tons quentes...
eu própria estranho a imagem
que reflecte num espelho
já cansado de me ver.
E, apesar de quase nada
enxergar ao perto,
sinto uma vontade impetuosa
de louvar o canto das aves
e deixo-me encantar com os ninhos
que, sorrateiramente, constroem no meu beiral,
porque a natureza não precisa de autorização.
Apetece-me contar,
até ao infinito...
o atropelo das formigas
em seu carreiro, atarefadas e tontas
na sua labuta pela vida.
Quando eu, num dia de desmazelo,
sorrio pr’o Mundo Inteiro,
solto ao vento o meu cabelo
e festejo a vida
numa “Ode à Alegria”,
farta de ser tão contida!
Menção Honrosa no Concurso de Poesia "Dar Voz à Poesia" da Escola Secundária Júlio Dinis, de Ovar- Portugal