Ode à Alegria

Hoje, soltei o cabelo

ao sabor do vento.

Deixei-o crescer,

já que sempre o mantive

em rédea curta.

Escondo-lhe o grisalho

num tinto cor da cereja

com que enfeito o bolo

de quase meio século de aniversários.

Visto uma roupa em tons quentes...

eu própria estranho a imagem

que reflecte num espelho

já cansado de me ver.

E, apesar de quase nada

enxergar ao perto,

sinto uma vontade impetuosa

de louvar o canto das aves

e deixo-me encantar com os ninhos

que, sorrateiramente, constroem no meu beiral,

porque a natureza não precisa de autorização.

Apetece-me contar,

até ao infinito...

o atropelo das formigas

em seu carreiro, atarefadas e tontas

na sua labuta pela vida.

Quando eu, num dia de desmazelo,

sorrio pr’o Mundo Inteiro,

solto ao vento o meu cabelo

e festejo a vida

numa “Ode à Alegria”,

farta de ser tão contida!

Menção Honrosa no Concurso de Poesia "Dar Voz à Poesia" da Escola Secundária Júlio Dinis, de Ovar- Portugal

Fana
Enviado por Fana em 30/09/2009
Código do texto: T1840658
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