A palavra mais pornográfica
Nada mais boiolante que frase assim: ‘eu faço tudo pela minha felicidade’. Parece sonho de quenga arrependida que delira com um tarado que lhe tire da zona e lhe pague as despesas mensais. Eu nunca pronunciei tal tolice nem quero isso na minha vida. Palavrinha surrada, batida, safada, cafona, pornográfica...
Dessa tal felicidade eu quero distância. Não deixo aproximar-se de mim nada que me deprime. Bastam minhas neuroses indepedentes que entram e saem sem pedir licença.
O que eu quero da vida é muito mais! Quero sonhar com a imortalidade, com meu nome em letras de outro na Academia Cearense de Letras... Quero ter saúde e desejos... Quero bater um sexo com alguém que me faça ferver o sangue e não me cobre nada, nem dinheiro nem comportamento... Quero ter contentamentos que me façam quase voar... Quero meu nome em cada esquina do meu Ceará... Quero que José de Alencar e Rachel de Queiróz etc. me venham visitar e digam que tudo valeu a pena... Quero respirar gostoso o ar puro da caatinga numa rara manhã de chuva... Quero que dom Martin e Iracema me exibam orgulhosamente para o premio Nobel de Literatura... Ah, Deus meu Deus, eu quero é morrer de felicidade... Fui!