DADIVA      (ouça tambem declamada)
De Jorge Paulo
 
Eu não sei que dádiva é essa que tanto nos enlaça
Essa chuva de palavras que faz o nosso coração em graça
 
Somos os escolhidos para colher os frutos
Semeados pelo criador em seus tributos
 
È como ver no firmamento
Um jogo de xadrez em movimento
Com peças que vamos pinçando do infinito
E que se encaixam como luvas num tabuleiro
Invisível e tão bonito
 
Somos como engenhos imaginários, cumprindo um nobre fadário
Pescando projetos no tempo
Com a vertente que jorra em nossos pensamentos
 
São nuances coloridas de um arco Iris
Que pincelamos em rica aquarela de matizes
São faíscas cintilantes que se depreendem do céu
E como folhas ao vento que bailam de deu em deu
 
Somos como um maestro regendo a pauta do coração
Com notas sentidas, vertidas nos mistérios da imaginação
Quantas riquezas pairam dentro de nos
São pedras preciosas, lapidadas com as delicadas mãos de um querubim, enfeitando a nossa existência, como se estivéssemos num imenso jardim
 
É um caminho formoso, repleto de sensações
Que aos predestinados aquece, com ternas emoções,
Palavras de luz e de brilho que calaram fundo na composição do nosso estribilho
Elas demovem os resquícios de insegurança, o ódio nos embrutecidos e embalam os sentimentos mais comovidos
Numa vocação manifesta da espontânea nossa sapiência
Palavras que vem do arquivo da memória para completar visões maravilhosas,
Aos olhos sequiosos e de nossos suspiros gostosos
Que fartura é está minha gente que brota espontânea em todos nos
E como se vivêssemos acordados em campos floridos, num caminhar sem fim
 
É como se fosse um fictício dicionário
Que no simples folhear de paginas, nos leva a uma indescritível,
Multiplicação do nosso vocabulário
Onde tudo se torna possível para criar narrativas
E nessa busca sublime, quanto mais procuramos, mais nascem frases convidativas
É como gotas de chuva que fertilizam a plantação que precisamos desafogar essas jóias, esse grandioso tesouro que agasalhamos em nosso coração
Tudo foi semeado a dedos mágicos
Para desafiar-nos poetas, poetizas escritores e nos traçados de nossas composições sempre chegamos às palavras que se completam
 
É um conforto sentir o que nos tece a memória, vendo nossos versos fluírem, para se perpetuarem na história
É um rebuscar quase louco a pesquisar ano a ano vendo um corpo que se forma pouco a pouco
A cada obra que construímos em louvação
Contribuímos com os nossos tijolinhos poéticos, nossos versos, sonetos e poesias, para edificar horas ditosas e momentos de reflexão.