Jantar à luz de velas

Sua boca está suja do lado...

Não, não precisa limpar.

Saboreie a liberdade.

Use os talheres para cadenciar

a seqüência da piada inconseqüente.

Brincar com a comida

é o entretenimento mais ético e civilizado

que me foi ensinado

por esta vida cachorra.

Você sabia?: uma dose certa de tempero

pode resgatar a cena atemporal.

Pode você agora saber,

com insofismável certeza,

o que realmente está mandando para dentro

de seu corpo?

Espere só um pouquinho:

Vou ali pegar um machado

para acabar com esta mesa.

Pronto. Assim está melhor.

Se você tiver vontade de arrotar,

posso lhe ensinar algumas técnicas

espantosas.

E estes símbolos fálicos com foguinhos na ponta...

Não seriam para inibir o pensamento crítico?

Apenas não iniba sua fome sincera

e minha geladeira lhe será pródiga.

Vamos direto p'ro sofá.

Não tem problema se o braço não sustentar o copo,

pode pôr no chão.

Não planejamos uma instituição.

Vivemos aquela inata em nosso coração.

Não nos envergonhamos de externar o pensamento,

uma vez que não nos envergonhamos de pensar.

Por favor, deixe-me ser transparente

assim como uma taça de champanhe,

cheio de celebratória embriaguez

e coberto por marcas de boca beijante.

Vou desmanchar seu penteado

com meus dedos libertinos,

devolvendo você

à sua condição divina

no altar de uma ceia santa

e pura de entusiasmos renovadores

– uma profusão de amores

à americana.

Aceita um pirulito?