PRIMAVEROU!

Decerto soa como uma absoluta perfeição...

A chuva que cai lá fora, oferenda bendita!

Nobre orquestra de pássaros, rara emoção...

Sintonia de cigarras, tal dádiva concebida.

Paro o meu relógio e deixo o tempo passar...

Singela condição que sepulta a ignorância.

Sem força e propósito, não permito renegar...

Apenas recordar um bom tempo, a infância.

Um retrato ainda na parede, a bela imagem...

Que no exato instante pude então perceber.

Sublime a lembrança, esta terna passagem...

Aguçou a minha vida, atiçou um bel prazer!

Recordação que renasce do bem verdadeiro...

Algo reverenciado e sentido, dom e coração.

Agiganta-se na medida, se basta por inteiro...

E que reconheço como uma audível canção.

A proporção quão exata da Presença Divina...

E circunda o meu ser, e sincero o guarnece.

Involuntária percepção, silente se amotina...

Anula a tristeza, angústia que não merece.

Visível destemor, que a natureza sensibiliza...

Companheiro do labor e daquilo que restou.

Naquilo que de súbito ressurge e o ameniza...

No verde, água, flor, pássaro... Primaverou!

Pirapora/MG, 23 de setembro de 2009.