Bebida dos Amores
Quero a bebedeira de Domingos de Oliveira
ou a bebida de Separações
porque sem paixão não há vida
e se for, pra viver, tem que ser inundado de prazer.
Quero a calma de Ennio Morricone
que dita sinfonias pra alegrar o coração
como no Cinema Paradiso
que torna a lembrança a virtude da vida, porque traz o passado
e porque invoca a tristeza
Quero os filmes de Almodovar
ou as cenas da vida de todos.
porque de moral, já basta a vida
e, imoralidade não é pra ser cultuada
menos ainda, enganada.
Quero a graça de Tiririca
como o amor da criança
que não disfarça o que sente,
porque não tem inibição de falar.
Sorri porque sabe amar
Não quero a desgraça de Sarney
Porque impostura de ditador
só termina em morte
e morte, não é coisa pra cristão,
menos ainda pra capitão
Quero o amor de Adriana Calcanhoto
porque a solidão só pode ser preenchida com um amor
e o vazio, da cama sem ninguém
do cheiro que foi embora,
precisa ser contado
e também cantado...
Quero a sofisticação de Chico Buarque
como as pérolas descobertas,
que foram inventadas e bem ditas
são da poesia, do homem mais brasileiro
do orgulho, que nos fascina
do primeiro e único ídolo
que não precisou morrer pra ser idolatrado
Quero o charme de Tom Jobim
como de um menino, jovem, alegre, cheio de vida
que compõe para as mulheres, pra a praia, para o Rio
porque ama o ar, o mar, adora a feminilidade, brinca com as gracinhas
chamadas, moças brasileiras
Quero a competência de Wagner Moura
porque para o ator, só resta os personagens
e ele interpreta, vive, exibe, mostra
não demonstra, porque não é intelectual
e nem se acha o tal.
Quero o prazer de Matheus Nasterghale
que é um príncipe das artes
e não disfarça sua loucura
quer sempre, a bebida
porque ela é como a companhia de Dostoiévski
que bebia, pra viver
porque o frio, fazia tremer
mas, ele também, aproveitava, e sabia que a Vodka
era coisa pra não estremecer
Quero a vida do homem do interior
que não deseja nada
mas tem sempre, ao seu redor,
um esplendor