UMA CALÇA  SÓ
Vejo que pouca cor resta
na parceira de tanta festa
pena que está chegando ao fim.
Comigo ela tanto andou
comigo tantos bailes dançou
tanto calor trouxe pra mim.

Durou dezenas de meses
e por centenas de vezes
foi companheira de verdade.
Comigo foi uma seresteira
acompanhou me em bebedeira
vivemos tristeza e feclicidade.

Calça velha, minha calça amiga
juntos enfrentamos briga
comigo foi campeã de rodeio.
Quantos finais de semanas
eu com a cara cheio das canas
dormimos juntos no arreio.

Foi molhada com pinga e com gim
dormimos em bancos de jardim
caimos de charrete e de carro.
Quando na segunda te lavava
as vezes nem enchergava
sua cor seu pano, era só barro.

Tantas vezes no chão ficou
sem reclamar me esperou
como se fosse um protetor.
Milhares de vezes te lavei
e quantas vezes observei
sinais das noites de amor.

Agora está velha e desbotada
minha amiguinha da madrugada
eu não quero te aposentar.
Vai continuar comigo na boemia
como foi naquele primeiro dia
numa distante noite a bailar.

Voce que sentiu tanto perfume
e nunca reclamou com ciume
nem quando jogada no chão.
Mas não será abandonada
vai continuar comigo na balada
voce, vai vestir meu coração.

GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 13/08/2009
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