POETA

POETA....

O poeta vive embriagado

Em perene loucura

Enxerga em uma única

gota de água

um mar de possibilidades

se fere o dedo em um espinho

morre de hemorragia

para logo se recompor

e morrer rindo de alegria

não conhece o cansaço

distribui abraços

ergue os braços

em tempos de protesto

ou para convocar a paz

se preciso é desonesto

mentindo para si mesmo

acalmando a amargura

que as vezes o consome

e tortura

pois tem o vício de ser feliz

e não ver a cicatriz

logo após a cura da ferida

este ser tão diferente

Jamais será auto-suficiente

Pois precisa de carinho

É como pássaro recém

Caído do ninho

Poeta às vezes indecente

Mas sempre se consente

Dizer o que sente

Poeta é um tipo de gente

Ao mesmo tempo carente

E ao ver dos outros inocente

Poeta que não consegue

Ser triste ou contente

Poeta é o que sente

No fundo toda esta gente

Mas que para o mundo mente

Com medo de ser piegas

Rotulado de imprudente

Poeta, só sabe, quem sente

A poesia no presente

Na saudade do que já é passado

Na dor do amor ausente

No amor lei maior vigente.