O BAILARINO

Rodopia o corpo nu diante do mundo,

no palco do teatro onde mora.

No embalo do acaso,

sem ufania,

sem aplauso,

a expor suas verdades intrínsecas,

bailando lhano pela liberdade,

a flutuar,

desenhar saltos e passos,

como anjo,

como pássaro,

como índio,

um curumim alado a derramar estrelas

de instinto e libido,

de pureza e delícia,

com sensualidade e candura

enleadas entre si.

O corpo nu em seu leve rodopiar

diante dos concretos,

dos olhos das pirâmides frias

afixadas no asfalto das ruas,

encerradas nos pulmões tísicos

dos valores hodiernos.

O corpo liberto das couraças da moda,

do vazio luxuoso das lojas.

Gira, gira, gira

o corpo despido

do tempo perdido...

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 26/06/2009
Código do texto: T1668330
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