Presentes Celestes

Que as almas libertas
criem asas e voem
para entre as rarefeitas nuvens.
Que tragam perfumes e flores
e que enfeitem
os altares do céu.
Que se unam vozes num coral
e cantem cantiga
de ninar crianças.
E que estas infantes
unam-se neste canto.
Que surjam, então,
aqueles que são poetas
e percebam não eles
que conduzem os versos,
mas são as letras,
ao unierem-se, que os levam.  
Que os sonhos mais ternos
ganhem vida,
e o fantasiar crie fábulas
de heróis e heroínas,
de princesas e cavaleiros,
de damas e senhores,
pois que nisto tudo
há tintas de romance,
e o romancear tem o dom
de lembrar do amor.
Que não se perca
a ingenuidade que é justa,
a pureza que torna
o exercício da ética tão simples.
Pois que a graça do Céu
desça até os viventes da Terra,
que converse através das chuvas
com as águas, que nos desperte
a vontade de termos asas.
E então brincaremos
como que se fossemos pássaros,
a flutuar por entre
as correntes de vento,
a brincar como só nos divertíamos
quando crianças,
pois que a grande promessa
é eterna juventude
e as almas não são escravas
da efemeridade,
mas vivem a trilhar seus destinos
na liberta eternidade.



Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 06/06/2009
Reeditado em 12/09/2009
Código do texto: T1635779
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