DESEJO DE RENASCER ALI

O sol arrematava num clarão as pontas das costas

Ricocheteando faiscantes e súbitas fagulhas

Agulhas pontudas, incendiosas aos olhos, tanto que

Impediam-me de perceber aonde findava o mar

E aonde principiava o comando da terra...

E eram tantos esses raios que quase me levantavam...

Tentava distinguir o que realmente os sustentava

Arroubos ao ar! E em cada incandescente tom amarelo...

Esses contrastes me cegavam, empurravam-me o azul

E me desorientavam como deveras fosse, em plena claridade, cego...

O brilho das águas metralhava a manhã suave

E o oceano era sua inabalável casamata...

Tudo se encaixava com a calma novata da hora

Até meu expansivo desejo de renascer ali

Parido em lindíssima aurora, banhado em ouro...