Versos de Sol e Lua

Qual o mistério discreto 
dos versos poéticos
que podem ser flamejantes 
como os versos das paixões
ou suaves como a brisa, 

assim são os versos de amor.
Difícil entender.
Sabe-se que querem dizer algo,
que pode ser um 'não dito' ,
pois às vezes não são transparentes,
mas silêncio incutido
e por isso se fazem secretos,
se envolvem em segredos 
que nunca existiram
para aqueles que leem 
com os olhos do coração.
Nascem com a manhã, 
ao nascer do sol,
onde tudo é claro. 
São templo de luz bordada
no horizonte,
a bailar como só as fadas 
conseguem fazer.
Nascem com a noite,
encantados 
pelo passeio da lua,
e então simplesmente flutuam, 
julgam-se com asas,
se confundem 
e já não são mais fadas,
mas anjos noturnos
e têm o dom de entender a lua,
descobrindo a alma
de paz guardada na noite.
Pois que ante o prateado lunar,
as palavras são confissões
e já não são ditas, mas cantadas,
ganham musicalidade
que se transforma
em cantiga de ninar
que acaba por acalentar 
os corações atentos,
pois que estes 
são como as crianças e os velhos,
estão mais próximos da eternidade
por estarem vindo ou indo.
Mas ao poema isto não importa,
vale sim o fugaz momento,
o minúsculo instante 
de efemeridade 
a brincar com a eternidade,
onde a tenaz fragilidade 
se alvoroça em força,
criando o encanto da satisfação,
dos versos tingidos de afeto
que vagam, vadios,
em torno dos que têm 
coração de poeta.



Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 04/06/2009
Reeditado em 08/12/2009
Código do texto: T1631444
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