impressões de Vancouver
o que é isso de montanhas cobertas de neve
enquanto o trem desliza com suavidade entre elas?
todo esse progresso compartilhado por todos
e não apenas os da América do Norte
deram sorte?
e aí viria uma avalanche de conceitos,
preceitos, preconceitos,
enquanto luzes coloridas nas árvores
decoram o branco abundante da neve
e o trem desliza com suas rodas de aço macias
pela ferrovia
são seis horas da manhã
mas parece duas da madrugada
tudo agrada
ainda que os dias no inverno sejam curtos
curto o que não tenho no Rio
e o fato de ter podido me acomodar na “comfort class”
a coucetta era muito caro
só mesmo de Roma pra Manhuaçu*
aí valeu mesmo à pena
afinal, isso é um poema
ou o simples relato de um fato
ou de uma experiência mundana
que a curiosidade nos convida a fazer?
não acho que devo contrariar
a vontade de escrever
pra satisfazer a preocupação menor
de não dizer onde fui, o que fiz, o que sou
embora nada disso seja tão importante
como o instante que passou
Entre Vancouver e Jasper, no trem, 03/01/2009
*referência ao poema "trem bão, sô!", que publiquei aqui no RL