QUE BOM SERIA
QUE BOM SERIA
Gostaria de viver
Bem no meio de um jardim,
Com perfume de jasmim.
Nem precisava colher
Bela rosa carmesim,
Só o cheiroso alecrim.
Sendo dona do jardim,
Eu teria muitas flores.
Flores de todas as cores,
Todas plantadas por mim.
Em meio a seus bons odores
Lhes cantaria louvores.
E flores sempre haveria,
Mesmo em qualquer estação,
Abertas ou em botão.
Com cuidado plantaria,
Tendo a máxima atenção,
Ao som de bela canção...
Todo dia eu regaria
Logo após o sol nascer,
Ou então no entardecer.
E a passarada viria
Voando se recolher,
Ou seu néctar colher.
Viria o joão-de-barro
Com a sua companheira
Pro alto da amendoeira.
No bico trazendo barro
Coa perícia costumeira
Pra montar a cumeeira.
O canário e o sabiá,
Convidando os companheiros,
Cantariam nos coqueiros.
Lá no pé de manacá,
Os bem-te-vis tão brejeiros
Formariam seus poleiros.
Mas o lindo cardeal
De viva coloração,
Entoaria uma canção
Com seu amigo pardal.
Em alegre animação
Saltitando pelo chão.
E o traquinas beija-flor
Todo multicolorido,
Pelo jardim tão querido
Voando de flor em flor,
Haveria preferido
O jasmineiro florido.
Quero-quero, no telhado,
Gritaria a todo instante,
Em seu “querer” incessante.
Pica-pau atarefado
Numa bicada estafante,
Ocara um tronco gigante.
Passeando pela alameda
Sob acácias e paineiras,
Passaria horas inteiras.
Andando pela vereda
No meio das castanheiras,
Eu desceria as ladeiras.
Pelos canteiros de hortênsia
Parava pra admirar,
Pois dá gosto de se olhar.
Foram feitas com paciência.
Natureza pra talhar
Teve que se aprimorar.
A violeta e o amor-perfeito
Com tão grande perfeição,
Que enternece o coração.
Na rosa não há defeito!
Quanto ao cravo, a Criação,
Talhou com dedicação.
Debaixo do laranjal
Sestearia em minha rede,
Depois de matar a sede.
E um bonito roseiral
Ia subindo a parede,
Cuja altura nem se mede!...
Dentro desse paraíso
Nada mais queria ter.
Porque, desde o amanhecer,
Mil motivos pro sorriso
Embalariam meu ser,
Até eu adormecer...