O QUE A INFÂNCIA LHE COBRA...

Nasceu num interior descorado,

Morava numa vila cheia de casas

A igreja velha, bem ao lado

A vovó, mais umas quadras

Ao mais do tempo, apenas brincava...

Menino quietinho, bem se contentava sozinho

Com pequenos brinquedos e, principalmente, soldadinhos!

Ao final da jornada, a cama grande era onde se esquentava

Ele, a irmã e a mãe dormindo unidos, bem juntinhos!

Já a mamãe era prestimosa; chocava-o ali toda noite

O quarto era o especial momento de intenso carinho

Que ela podia cotidianamente proporcionar-lhe

Já que, durante a semana, bem cedinho, saia a chacoalhar

Num velho trem subúrbio

Na incansável busca do sustento dos filhos...

Sempre ao iniciar-se o cair da noite

Ele pedia à vovó um gostoso banho e o cabelo penteado

Para, após, ir correndo enrolar-se em meio às cobertas

Entendia este ato como uma mágica para fazer a mãe surgir!

Até hoje, velhinho, alguma dívida a infância lhe cobra

Pois guarda um olhar mareado, imaginoso

Como se ainda fosse possível àquela sua mãe

Retornar do trabalho um bocadinho mais cedo

Só para levá-lo, uma vez só que fosse, à pracinha

E lá empurrar-lhe, risonha e terna, seu balanço...