O RANCHO DOS VENTOS UIVANTES

Lá fora, vento uivante, parece um tufão,
sinto que meu rancho quase intorta,
ouço que está latindo a lua, meu cão
vejo que o vento empurra minha porta.

Mas não amedronta quem aqui está
por que fui eu mesmo o construtor dela,
casinha feita inteira com jacarandá
e tem muitos reforços em sua janela.

Esse vento que o dia e a noite malha,
vai um dia se cansar por ve la em pé,
sua força, nenhuma tábua chacoalha
e não arranca nenhuma folha de sapé.

Que mude de caminho, mude a direção
desse rancho nunca tira nenhum pó,
será que vem para ouvir meu violão,
e as músicas de quem vive cantando só?

Qualquer hora convido essa ventania
para entrar e conhecer meu barracão,
quero mostrar a ela a minha poesia,
deixarei que esquente na brasa do fogão.

Verá que não tenho nada de valor
a coisa mais rica aqui e minha canção,
pedirei a ele  que não retire esse calor
que e outra riqueza, do meu coração.
GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 17/04/2009
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