O partido
Joaquim José Ferreira (*)
Introdução
O Partido Democrata fez nova casa
E não a pode acabar
Porque os seus projetos fracassaram
Ficaram todos no ar.
1a. glosa
O Partido Democrata é um rapaz novo
Há poucos dias nasceu
Ainda não conseguiu
As simpatias do povo
Entrou, agora, com seu jogo
Fez o estupim perto da Brasa
Mas tomou chumbo na asa
Ficou ruim, mas ainda não morreu
E o que aqui consta e corre
É que o Partido Democrático fez nova casa.
2a. glosa
O Partido Democrata sabe reza brava
Reza brava diabólica
Aproveitou o nome da Liga Católica
Para ver se assim ganhava
Mas as cédulas que carregava
Foi obrigado a queimá-las
E nem assim pode ganhar
Fez feio no meio da rua
Começou a falcatrua
E não a pode acabar.
3a. glosa
O Partido Democrático sabe viver
Se impõe com o seu orgulho e com outro pecúlio
Mas não lê o catecismo
Para nos poder vencer
Agora, para nos vencer
Muitas armadilhas armará
Até que os povos se alarmem
Para ficar tudo sem efeito
Julgaram que estava direito
Mas os projetos dele fracassaram.
4a. glosa
Se o Partido Democrático gostar de mim
Eu o aprecio e muito
E trabalharemos num só conjunto
E todos para um só fim
Farmeos aqui um jardim
Para todos apreciar
E quem nos vier visitar
E ver a nossa união
A ninguém dará razão
Ficarão todos no ar.
Divinópolis, 1925
* O poeta Joaquim José Ferreira (na verdade, Joaquim Francisco Ferreira conforme passaporte) é avô do poeta Edson Gonçalves Ferreira e essas glosas foram encontradas nos documentos da família.