A CRIANÇA, O VELHO E O CIRCO (Cenas de circo sem animais maltratados)
Domingo de tarde ensolarado
Criança alegre sorridente
Não há medida de quanto contente.
Não percebe o palhaço triste
Choro contido por dentro
Lagrima resvala sorrateira
Sobre a face escondida.
Abrem-se as cortinas
E começa o espetáculo
Do alto a donzela sorri.
Tal qual pião enrolada
Roda nos ares sem ares
Desafiando a natureza.
Enlevada pela corda guia
Chega ao chão toda manhosa
Serpeando o tablado
Como súdita submissa suplica
Como prêmio, o sorriso da criança
Lá bem no alto
Dois balanços em dois cantos
Cada um em seu canto fitado.
Dois corpos se lançam no espaço
E ao seu tempo chegam ao teto
Que de amarelo fica pintado
Mãos à testa, olhinhos aflitos
Coração de emoção explodindo
Torcem pelos Ícaros atrevidos
Como a tarde o espetáculo termina.
E bem longe dali para nunca mais
Longe dos açoites e gritos irados
Do domador indomado
Animais vagam em liberdade
E pela tristeza do choro inocente
Que nunca mais poderá vê-los.
Com a aflição dividida, o velho chora
E o palco natureza disse amém.