Conversas
Falo muito co’as árvores,
converso com rios e ribeiros,
confesso os meus temores
utópicos e verdadeiros.
Conto segredos ao mar,
barafusto com os rochedos,
peço para me aconselhar,
p’ra me livrarem dos medos.
Ouço músicas que o vento
me trás de outras paragens
e ao som delas eu invento
as minhas próprias viagens.
Escrevo poemas na areia,
danço com a preia-mar,
depois aproveito a boleia
e navego p’ra me mimar.
Não me importa o que pensa
quem me vê falar sozinho,
tenho sempre a recompensa
- ouvem-me e dão-me colinho.